A cafeína e o desporto
CafeínaA cafeína, consumida diariamente por milhões de pessoas, pode realmente melhorar o desempenho desportivo? Este artigo explora os efeitos da cafeína sobre a resistência, a força, os aspectos cognitivos e as precauções a tomar para uma utilização eficaz.
Qual é a história da utilização da cafeína no desporto?
Uma breve história da utilização de estimulantes no desporto
A utilização de estimulantes no desporto remonta a tempos imemoriais. Já no início do século XX, os atletas experimentavam várias drogas que melhoravam o seu desempenho. Na altura, eram utilizadas substâncias como a cocaína e a estricnina, muitas vezes de forma clandestina. Estas práticas levaram gradualmente à incorporação da cafeína, um estimulante natural encontrado em muitas plantas como o café, o chá e o cacau.
Os primeiros estudos sobre a cafeína e o desempenho
As primeiras investigações científicas sobre a cafeína começaram no início do século XX. William Rivers e Harald Webber, dois psicólogos da Universidade de Cambridge, efectuaram estudos pioneiros sobre os efeitos da cafeína na fadiga muscular. Descobriram que a cafeína podia retardar a fadiga, o que abriu caminho para uma maior exploração dos seus efeitos ergogénicos. Nos anos 70, investigadores como David Costill demonstraram que a cafeína podia melhorar significativamente os desempenhos de resistência, nomeadamente em corredores e ciclistas.
Mudança de percepções e regulamentos (COI, AMA)
Ao longo do tempo, a perceção da cafeína no desporto evoluiu. Na década de 1980, o Comité Olímpico Internacional (COI) classificou a cafeína como uma substância dopanteque estabeleceu limiares de concentração de urina para detetar o uso indevido. No entanto, em 2004, a Agência Mundial Antidopagem (AMA) retirou a cafeína da sua lista de substâncias proibidasembora continue a monitorizá-la. Atualmente, os atletas podem consumir cafeína legalmente, desde que não excedam as doses consideradas normais (12 μg/ml na urina).
Como é que a cafeína funciona?
Absorção e metabolismo da cafeína
Quando se consome cafeína, esta é rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal, principalmente no intestino delgado. Em geral, a cafeína atinge a sua concentração máxima no sangue cerca de 20 a 60 minutos após a ingestão. Uma vez no organismo, é metabolizada pelo fígado em três metabolitos principais: paraxantina, teobromina e teofilina. Estes metabolitos desempenham um papel fundamental nos efeitos estimulantes da cafeína. A capacidade de cada indivíduo para metabolizar a cafeína pode variar em função de factores genéticoso que explica as diferentes reacções à mesma dose de cafeína.
Efeitos no sistema nervoso central
Um dos principais mecanismos pelos quais a cafeína melhora o desempenho é a sua ação sobre a sistema nervoso central. A cafeína actua bloqueando os receptores da adenosina, um neurotransmissor que promove o sono e o relaxamento. Ao inibir a adenosina, a cafeína aumenta a libertação de outros neurotransmissores, como a dopamina e a noradrenalinaque conduz a aumento do estado de alerta, da concentração e da energia. Esta ação antagonista sobre os receptores de adenosina é crucial para os seus efeitos ergogénicos.
Outros mecanismos potenciais
Para além dos seus efeitos no sistema nervoso, a cafeína também pode ter um efeito sobre os músculos. Aumenta a disponibilidade de cálcio nas células musculares, o que pode melhorar a força e o poder de contração. A cafeína também estimula a oxidação de ácidos gordos livresfornecendo uma fonte adicional de energia durante o exercício prolongado. Isto ajuda a conservar as reservas de glicogénio e a retardar a fadiga2.
Quais são os efeitos da cafeína nas diferentes formas de exercício?
Resistência aeróbica (por exemplo, corrida, ciclismo)
La cafeína é particularmente eficaz para melhorar a resistência aeróbica. Numerosos estudos demonstraram que o consumo de cafeína pode aumentar a duração do esforço e atrasar o aparecimento da fadiga. Por exemplo, os ciclistas e os corredores registam frequentemente melhorias significativas no seu desempenho. Os benefícios incluem um aumento da velocidade média e uma melhor utilização das reservas de energia. No entanto, existe uma variabilidade inter-individual nas respostas à cafeína. Alguns atletas sentem efeitos mais pronunciados do que outros, o que pode ser atribuído a factores genéticos e à tolerância individual à cafeína.
Resistência anaeróbica e desportos de força (por exemplo, sprinting, treino com pesos)
A cafeína tem também efeitos benéficos no exercício anaeróbico e nos desportos de força. Estudos demonstraram que a cafeína pode melhorar a força muscular, a velocidade de movimento e a potência de salto. Por exemplo, os sprints curtos e intensos ou as sessões de treino com pesos beneficiam frequentemente da ingestão de cafeína. Os resultados dos estudos indicam que doses de 3 a 6 mg/kg de peso corporal, tomadas cerca de 60 minutos antes do exercício, são geralmente eficazes. No entanto, a eficácia pode variar consoante a dose e o momento da ingestão de cafeína.
Desportos específicos (por exemplo, basquetebol, futebol, râguebi)
Os efeitos da cafeína também variam consoante os desportos específicos. Em desportos como o basquetebol e o futebol, observou-se que a cafeína aumenta o número de sprints, melhora a precisão dos passes e aumenta o número de saltos bem sucedidos. Por exemplo, um estudo realizado com jogadores de râguebi mostrou que o consumo de cafeína aumentava o número de contactos corporais e melhorava a potência muscular durante os saltos. No entanto, nem todos os estudos revelam efeitos positivos, com alguns relatórios a indicarem que a cafeína não melhora significativamente o desempenho em testes específicos de determinados desportos, como a agilidade no râguebi ou a velocidade de drible no futebol.
Qual é a dosagem e o momento ideais para a toma de suplementos de cafeína?
Doses efectivas (3-6 mg/kg)
Para otimizar o desempenho desportivo, a dose recomendada de cafeína situa-se geralmente entre 3 e 6 mg/kg do peso corporal. Este intervalo de dosagem demonstrou ser eficaz na melhoria de vários aspectos do desempenho, incluindo resistência, força e potência. No entanto, é importante notar que doses mais elevadas podem levar a efeitos secundários indesejáveis, como ansiedade e distúrbios do sono. Cada pessoa reage de forma diferente, por isso é essencial começar com uma dose mais baixa e ajustar de acordo com a sua tolerância pessoal.
Momento ideal (20/60 minutos antes do exercício)
O momento perfeito consumir cafeína cerca de 20/60 minutos antes do exercício. Isto permite que a cafeína atinja a sua concentração máxima no sangue, maximizando os seus efeitos ergogénicos. Este tempo é particularmente relevante para formas de cafeína como cápsulas ou comprimidos, que requerem um certo período de tempo para serem absorvidos pelo organismo. No entanto, algumas formas de cafeína, como as pastilhas elásticas, podem ser absorvidas mais rapidamente, o que poderia reduzir o tempo necessário antes do exercício.
Impacto das diferentes formas de cafeína
A forma como a cafeína é consumida também pode influenciar a sua eficácia. Eis algumas opções comuns:
- Café A forma mais popular de consumo de cafeína. Rapidamente assimilada
- Pastilhas elásticas Absorção rápida, ideal para tomar imediatamente antes ou mesmo durante o exercício físico.
- Bebidas energéticas (enlatadas) Rapidamente assimilado e por vezes acompanhado de hidratos de carbono, o que pode ser benéfico para o exercício prolongado. No entanto, a quantidade de açúcar pode por vezes ser muito elevada, o que pode não ser adequado para todos.
- Géis energéticos De absorção rápida e práticos para os atletas de resistência, combinam frequentemente cafeína e hidratos de carbono para um duplo impulso energético.
- Pré-treino: De absorção rápida, muitas vezes complementado por outros ingredientes para otimizar o seu desempenho desportivo, desde que escolha uma fórmula de qualidade. No entanto, é de notar que algumas marcas podem incluir quantidades excessivas de cafeína, o que exige uma vigilância redobrada no que respeita às dosagens recomendadas.
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Que factores influenciam a resposta à cafeína?
Variação genética (genes CYP1A2 e ADORA2A)
A sua resposta à cafeína pode ser influenciada pelo seu património genético, em particular pelos seguintes genes CYP1A2 e ADORA2A. O gene CYP1A2 é responsável pela metabolização da cafeína no fígado. As pessoas com uma versão específica deste gene (o genótipo AA) são metabolizadores rápidos, o que significa que decompõem a cafeína mais rapidamente. Por outro lado, as pessoas com o genótipo AC ou CC são metabolizadores lentos e podem sentir os efeitos da cafeína durante mais tempo, aumentando o risco de efeitos secundários como a ansiedade ou perturbações do sono. O gene ADORA2A, por seu lado, está ligado à sensibilidade à cafeína e pode influenciar o seu nível de vigília e de alerta após o consumo.
Hábitos de consumo de cafeína
Se consumir cafeína regularmente, o seu corpo pode desenvolver uma certa tolerância. Isto significa que podem ser necessárias doses mais elevadas para obter os mesmos efeitos estimulantes do que alguém que raramente a consome. Os consumidores regulares de cafeína podem também sentir menos efeitos negativos, como a ansiedade, mas isso varia de pessoa para pessoa. Por conseguinte, é importante conhecer o seu próprio limiar de tolerância e ajustar a sua ingestão em conformidade.
Estado de formação dos indivíduos
O nível de treino pode também desempenhar um papel na resposta à cafeína. Os atletas bem treinados podem obter mais benefícios da cafeína, nomeadamente em termos de melhoria da resistência e do desempenho, do que os indivíduos menos treinados. Este facto pode dever-se a uma melhor adaptação metabólica e a uma maior capacidade de utilizar eficazmente os substratos energéticos.
Quais são os benefícios cognitivos e psicológicos da cafeína?
Melhoria do estado de alerta e da atenção
O consumo de cafeína é conhecida pelos seus efeitos positivos sobre o estado de alerta e a atenção. Ao bloquear os receptores de adenosina no cérebro, a cafeína aumenta a libertação de neurotransmissores como a dopamina e a noradrenalina. Isto traduz-se num aumento do estado de alerta, numa melhor concentração e numa redução da sensação de fadiga, o que é particularmente benéfico para os atletas durante treinos intensivos ou competições.Efeitos no humor e na perceção da dor
A cafeína tem também efeitos benéficos no humor e pode reduzir a perceção da dor. Ao aumentar os níveis de dopamina, a cafeína ajuda a melhorar a disposição mental e a aumentar a motivação. Além disso, tem propriedades analgésicas que podem reduzir as sensações de desconforto durante o exercício, permitindo aos atletas manter um elevado nível de desempenho durante mais tempo.Cafeína e desempenho sob privação de sono
A cafeína pode também ser particularmente útil em casos de privação de sono. Estudos demonstram que a cafeína melhora o desempenho cognitivo e físico mesmo quando se está cansado. Isto inclui um maior estado de alerta e a redução de erros durante o exercício, o que pode ser crucial para atletas em condições de stress ou com horários de competição irregulares. Estes benefícios cognitivos e psicológicos da cafeína permitem que os atletas tenham um bom desempenho mesmo em condições difíceis, tornando-a um valioso aliado nos treinos e nas competições. No entanto, é importante encontrar a dose certa para maximizar os benefícios e minimizar os efeitos secundários (como ansiedade ou perturbações do sono).Quais são os efeitos secundários e as precauções a ter com a cafeína?
Potenciais efeitos secundários (ansiedade, perturbações do sono)
O consumo de cafeína pode causar uma série de efeitos secundários, incluindo ansiedade e perturbações do sono. Ao bloquear os receptores de adenosina, a cafeína pode aumentar a libertação de neurotransmissores como a dopamina e a noradrenalina, o que pode causar agitação e palpitações em algumas pessoas. Além disso, a cafeína pode perturbar o sono, especialmente se consumida ao fim do dia. Por isso, é importante controlar o seu consumo para evitar estes efeitos indesejáveis.
Importância da experimentação individual
Cada pessoa reage de forma diferente à cafeína, devido a factores genéticos e hábitos de consumo. É crucial experimentar diferentes doses e horários para determinar o que funciona melhor para si. Comece com pequenas doses e aumente gradualmente, enquanto monitoriza as suas reacções físicas e mentais.
Limites e riscos de sobredosagem
O consumo de doses excessivas de cafeína pode comportar riscos significativos. Doses elevadas, superiores a 9 mg/kg de peso corporal, estão associadas a uma taxa elevada de efeitos secundários, sem oferecerem maiores benefícios ergogénicos. Os sinais de sobredosagem incluem dores de cabeça, náuseas, aumento do ritmo cardíaco e, em casos graves, convulsões. Por conseguinte, é essencial respeitar as doses recomendadas (3-6 mg/kg) e ajustá-las em função da tolerância individual.
O nosso pré-treino com cafeína
Le DixSupps pré-treinoenriquecido em cafeínafoi concebido para maximizar os seus desempenhos desportivos. Com uma dose ideal de 3 a 6 mg/kg, melhora a resistência aeróbica, aumenta a força e a potência musculares, reforça o estado de alerta e a atenção. Ao consumir o nosso pré-treino 20 minutos antes do exercício, beneficia de uma absorção rápida e eficaz, ideal para sessões intensas. Adaptado às suas necessidades individuais, ajuda-o a ultrapassar os seus limites, minimizando os potenciais efeitos secundários. Confie na DixSupps para o ajudar a atingir os seus objectivos desportivos em segurança.
- Efeitos na resistência aeróbica Cafeína: A cafeína melhora o desempenho na corrida e no ciclismo, retardando a fadiga.
- Melhoria da força e da potência Aumenta a força muscular e a potência de salto.
- Doses efectivas As doses recomendadas são de 3 a 6 mg/kg de peso corporal.
- Tempo ótimo A cafeína é mais eficaz quando consumida 20/60 minutos antes do exercício.
- Efeitos cognitivos Melhora o estado de alerta e a atenção e pode ajudar no controlo da dor.
- Desempenho sob privação de sono A cafeína melhora o desempenho cognitivo e físico, mesmo quando se está privado de sono.
- Desportos específicos Melhora o desempenho em desportos como o basquetebol, o futebol e o râguebi.
- Resposta genética Os genes CYP1A2 e ADORA2A influenciam a resposta individual à cafeína.
- Efeitos secundários O consumo excessivo pode provocar ansiedade e perturbações do sono.
- Experimentação individual É importante testar diferentes doses para descobrir o que funciona melhor para cada indivíduo.
Estudos e fontes
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